Se depender dos precedentes históricos, os maringaenses "paitrocinados" podem ter esperança de grande sucesso na carreira musical – há exemplos aos montes.
Talvez seja mais fácil lembrar daqueles praticantes de um pop descartável: Justin Bieber com sua mãe onipresente está aí para não nos deixar mentir, há dez anos eram os irmãos Hanson. Com um pouco de esforço de memória, no entanto, é possível apontar artistas "paitrocinados" com real valor artístico, que deixaram sua marca na canção popular.
O caso mais antigo, talvez, seja o do grupo norte-americano Beach Boys, criado há 50 anos como uma banda familiar. Diz a lenda oficial que Murry Wilson faria uma viagem e deixou uma grana para os filhos se virarem.
Em vez de arranjarem comida, os irmãos Brian, Dennis e Carl compraram instrumentos e, juntamente com um primo e um colega de escola, formaram o grupo – se a história for verdadeira, é de se imaginar a quantidade de alimentos a que os irmãos Wilson estavam habituados.
Voltando de viagem, Murry não ralhou pelo desvio de verba, como era de se imaginar. Pelo contrário, viu potencial nos garotos e decidiu empresariá-los. Deu certo: em dois anos, os Beach Boys eram a banda número um da América.
O problema é que Murry também era um músico frustrado e passou a sentir grandes ciúmes de seu filho Brian, compositor e arranjador do grupo, aclamado como gênio pela crítica. Quando passou a interferir demais nos caminhos artísticos do grupo, os irmãos Wilson não hesitaram em demitir o próprio pai.
Michael JacksonHistoria semelhante é a do rei do pop, Michael Jackson, que também contou com a ajuda do pai no início da carreira. Em meados dos anos 60, Joseph empresariava o Jackson 5, grupo em que Michael e os irmãos cantavam.
E assim como na história dos Wilson, a relação entre pai e filho foi sempre conturbada. Por um lado, o alto grau de exigência de Joseph fundamentou o perfeccionismo que Michael cobraria de si mesmo por toda a carreira; de outro, a disciplina rígida, que incluía eventuais espancamentos e humilhações, causaria traumas.
A polêmica continuaria até depois da morte do filho, com Joseph sendo acusado de explorador ao querer lucrar com biografias e cobrar ao dar entrevistas sobre Michael.
CazuzaMais tranquila, pelo menos no que tange à relação com o pai, foi a história de Cazuza. João Araújo era diretor da gravadora Som Livre no início dos anos 80, mas hesitava em investir na carreira do filho, por achar que seria acusado de favorecimento.
Foi aí que o produtor Ezequiel Neves interveio, dizendo que o eventual constrangimento da ajuda paterna seria muito melhor do que o ridículo de ver o evidente talento de Cazuza, à época cantor e letrista do Barão Vermelho, lançado por outra gravadora. A partir daí, Araújo permaneceria ao lado do filho até sua morte, em 1990.
Mallu MagalhãesO mais recente caso brasileiro de "paitrocínio" bem sucedido é o de Mallu Magalhães, saudada por alguns como prodígio e por outros como tormento musical. O pai, o engenheiro Eduardo Magalhães, sempre foi um entusiasta de rock clássico.
Quando viu a filha demonstrando aptidões musicais, incentivou-a a compor e financiou sua primeira sessão de estúdio, em 2007, quando a moça tinha apenas 15 anos.
Daí, veio o sucesso no site My Space, o estardalhaço da crítica, a gravação de dois álbuns e o relacionamento com o músico Marcelo Camelo – com as bênçãos do pai-patrocinador.
FONTE: http://maringa.odiario.com/dmais/noticia/446964/dos-beach-boys-a-michael-jackson/