Muito já se falou sobre a sexualidade de Michael Jackson. Ele já foi chamado de gay, de assexuado, de inocente, entre outras coisas. Nem quero discutir tais afirmações aqui…
No contraponto, já teve também sua capacidade inegável de atração muito bem descrita em textos que fizeram a ponte entre a magia de seus shows e sua transbordante e natural sensualidade.
Não tenho muito a acrescentar ao que já foi dito e escrito, mas como alguém que o ama muitíssimo, fui beber na fonte de Eros na tentativa de tentar compreender que amor é esse tão forte e pulsante que Michael provoca na pessoas ao redor do mundo todo, não só através de suas eletrizantes performances, mas também com suas atitudes, e com isto eu quero dizer, Michael fora dos palcos também é apaixonante. Como um homem tão tímido e reservado, que nunca expôs de forma midiática nenhuma parceira - até com Lisa Marie Presley, apesar do beijo em público, foi extremamente discreto e ético até quando findo o casamento – conseguiu provocar tanto frenesi “sexual” entre fãs do mundo todo, de todas as idades, de ambos os sexos, de todas as etnias e culturas, de todos os níveis sócio econômicos, de todas as religiões? E descobri a história de Eros, o deus do amor, com Psiqué. A belíssima história de amor com final feliz, entre o imortal e a mortal, entre o amor e a alma me remetem a Michael Jackson.
O que não é sua arte senão o encontro entre o amor e a alma?
Amor erótico mesmo, daquele que busca a perfeição de cada detalhe pra oferecer um banquete divino, verdadeiro manjar dos deuses ao simples mortais, que, embriagados pela ambrosia por ele destilada e oferecida, tornam-se também, por um momento mágico, imortais e irremediavelmente apaixonados. Psiqué, Alma mesmo, escapando pelos poros, derramando-se em suor, saindo pelas pupilas do olhar expressivo, pela voz cheia de nuances, gemidos, gritos, sussurros. É alma ou é corpo, é corpo ou é alma?
Michael Jackson é tudo junto, tudo ligado sem possibilidade nenhuma de separar: amor e alma, corpo e alma, dança e alma, música e alma, vida e alma, morte e alma, branco e alma, negro e alma, homem e alma, mulher e alma, adulto e alma, menino e alma, alegria e alma, tristeza e alma…. tudo nesse homem lenda é feito com intensidade de alma.É isso que o torna mais do que uma lenda, o torna único, ímpar, incomparável.
Esse erotismo que nada tem a ver com vulgaridade, mas tem paralelo no amor dedicado a cada detalhe, no perfeccionismo da obra de arte que é o espetáculo em si e que Michael chamava de “escapismo” é muito mais do que isso que ele, em sua imensa modéstia chamou: é êxtase mesmo, clímax absoluto para qualquer mortal que teve ou terá a sensibilidade de captar o amor exalado por Michael nos palcos. É alma expressa em forma de doce sorriso, é amor medido imedido nos gestos meticulosos, nos calculados passos de dança; é paixão desenfreada nos sinais físicos mesmo do prazer que ele sente em estar ali e isso eu quero dizer com muito respeito, sem querer invadir a intimidade de Michael mas preciso falar, pois acho que é a prova maior de amor e entrega desse artista homem incrível: é quase orgásmico o prazer que ele sente no palco; eternizado nas imagens dá pra notar na ondulação do corpo, no arfar da respiração, nos mamilos entumecidos, no rosto crispado de prazer, na ereção e só não há ejaculação pois ele, respeitador como poucos, deve ter aprendido a se conter muito pra não estravazar ainda tudo, retendo pra si parte de prazer e devolvendo ao público ávido, a parte que lhe pertence.
Em qualquer outro homem, isso soaria grosseiro. Em Michael soa lírico, poético, adorável. Amo ver essas manifestações e a naturalidade em que se dão. E eu digo que nunca, na história do entretenimento, um público foi mais saciado do que a plateia dos shows de Michael Jackson.
E lendo mais sobre erotismo, descobri que
”O deus Eros tem na mitologia a missão de juntar elementos distintos e opostos como homem e mulher, razão e sentimento, quietude e extroversão. É só com amor que podemos estar nesses territórios tão distintos sem perder a singularidade, o que é único, pessoal“.
Preciso falar mais alguma coisa? Quem mais personifica esse personagem nos tempos atuais senão o próprio Michael Jackson, que, além de tudo ainda conecta, através de seu legado artístico e humanitário, pessoas do mundo todo?
O trecho abaixo foi extraído de reportagem da revista Bons Fluídos/2003. Um dos mais belos tratados sobre o amor (Eros) trata-se do Banquete, de Platão.
Eis aqui o trecho que mais me chamou a atenção:
“Ao contrário do que diziam seus discípulos, a amizade (ou amor, representado pelo deus Eros) não é o próprio belo e próprio bem. Eros é originado de duas oposições, filho da riqueza e da beleza. Isso o coloca numa situação intermediária, não fazendo estar de nenhum lado oposto e extremo. A posição intermediária de Eros atribui-lhe movimento, sendo o mesmo movimento do homem em busca do bem supremo.O bem é o que há de mais supremo, é o divino, como Platão expressa literalmente em A República e no próprio Banquete. É a forma unificadora, é o que harmoniza e unifica o cosmos e o homem; é o que todo ser humano deve buscar.
Toda forma de sociedade deve se voltar também para o bem e essa busca do bem, do supremo e divino, Platão a caracteriza como amizade, como Eros.
Por isso dizemos que Eros (philia, amor e amizade) é movimento, a busca incessante do homem pelo bem e que tanto o homem quanto a sociedade não pode existir sem esse movimento em direção ao que o bom e belo.”Michael, com sua aguçada inteligência emocional, com sua sensualidade natural deixava Eros se manifestar livremente, sem vulgaridade e sem pornografia e o público correspondia, pois capricho gera capricho, gentileza gera gentileza, amor gera amor!!!
E é por amor que escrevi esse texto, ao meu amado Michael, mais que Eros, o deus do Amor, és a Psiqué, Alma pura, és a Volúpia, união de ambos. Sabe, Michael, pra mim, na verdade, nem todos os deuses do Olimpo juntos conseguiriam expressar de forma mais genuína que você o que é amor. Sou grata a Deus porque “diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer pra mim dividir um planeta e uma época com você” (by Carl Seagan). Sim, é gratidão por ter sido sua contemporânea. Pena que, como Eros que fugiu ao perceber que Psiqué vira seu rosto, você que sempre fora fugidio, escapou de mim mesmo antes que eu desvendasse seus mistérios.
Pena…. pois agora que posso ainda que seja apenas com o lume de uma vela conhecer-te, sei que atrás da máscara havia alguém todo feito de amor, você alçou voo eterno e não sei se posso mais alcançá-lo. Nem sei se essa história de amor terminará bem como a de Eros e Psiqué mas tenho certeza de uma coisa, em algum lugar da eternidade, já nos encontramos e sei também que, um dia você prometeu:”I’ll be there!”
MICHAEL JACKSON: ” I LOVE, SO MUCH! REST IN PEACE, MY ANGEL!!!!”