Testemunha-chave de Conrad Murray enfrenta nova acusação de desobediência à JustiçaO juiz responsável pelo julgamento do médico pessoal de Michael Jackson disse na segunda-feira que pretende acusar uma testemunha-chave da defesa por desacato ao Tribunal e multá-lo em $ 1.000 por violar uma ordem.
Pastor disse que a testemunha, um anestesista que é o principal especialista em medicina para a defesa do Dr. Conrad Murray, violou uma ordem judicial, ao mencionar em seu depoimento conversas que ele teve com Murray.
Pastor já havia avisado ao Dr. Paul White para deixar de mencionar as "duas longas conversas", ele disse que teve com Murray, informação já definida pelo juiz como sendo uma evidência inaceitável.
Minutos após a advertência do juiz, White trouxe novamente a conversa diante dos jurados:
"Isso é uma violação direta à minha ordem e, francamente constitui desacato direto", disse Pastor.
Em seu depoimento nesta segunda-feira, White citou trechos dessas conversas - que a estrela pop tinha o seu "próprio abastecimento" de propofol, que Murray deixou uma seringa cheia ao lado da cama de Jackson - sob os protestos repetidos do Ministério Público.
O promotor David Walgren protestou ao juiz, fora da presença do júri, que White estava intencionalmente mencinando informações de suas conversas com Murray.
O advogado de defesa Michael Flanagan, disse que não se poderia esperar que White recordasse especificamente o que ele tinha de informações da entrevista de Murray para a polícia e as informações que ele obteve de seus encontros com o médico.
Pastor disse que não iria aceitar esta explicação.
"Boa tentativa", disse Pastor. "Isso é tão óbvio .... Ele está tentando a cada momento acrescentar um outro material. Isso é deliberado, eu não gosto disso, e isso não vai acontecer novamente."
Pastor disse a White que, quando ele mais uma vez se referiu à conversa, apesar de sua advertência, isso foi uma violação direta à sua ordem.
A acusação de desacato é a segunda de White, que também foi repreendido pelo juiz no início deste mês por fazer comentários sobre uma testemunha da acusação, relatados em um website.
Pastor disse que vai realizar uma audiência sobre ambas as acusações de desacato em 16 de novembro.
Em seu depoimento segunda-feira, White, um especialista no anestésico propofol, elaborou uma teoria que ele apresentou primeiramente na semana passada.
Jackson, depôs ele, provavelmente se injetou com uma seringa que Murray tinha enchido com 25 miligramas de propofol e colocado perto de sua cabeceira.
Ele disse que quando Murray estava distraído por uma série de telefonemas, Jackson acordou e pegou a seringa.
"Foi em algum momento durante esse período de 40 minutos que eu acredito que o Sr. Jackson teve a oportunidade e, provavelmente, se auto-administrou a dose fatal de propofol", disse ele.
Walgren observou que Jackson estava ligado a um stand IV e um cateter urinário e sugeriu que era mais plausível para Murray ter injetado o propofol e depois mentido sobre a quantidade que ele deu.
"É possível se ele quisesse prejudicar Michael Jackson," White respondeu.
"Se Michael Jackson fez isso, ele queria prejudicar a si mesmo?" Walgren perguntou.
"Eu não acho que ele percebeu o perigo em potencial", respondeu a testemunha.
As conversas entre a testemunha e o promotor foram irritadas, muitas vezes, com Walgren comentando: "Você continua lançando este tipo de fala ensaiada."
Um advogado de defesa protestou, e o comentário foi impedido.
LA TIMES
Especialista chamado pela defesa de Conrad Murray diz que médico não seguiu protocoloDr. Paul White, anestesista especialista em Propofol, disse nesta segunda-feira (31) que recebeu US$ 11 mil (cerca de R$ 19 mil) para depor a favor de Dr. Conrad Murray, médico de Michael Jackson. O especialista também contou que o promotor David Walgren o procurou para ser testemunha de acusação, mas ele já estava comprometido com os advogados de defesa.
O depoimento repleto de irritabilidade por parte da promotoria e contradições por parte da testemunha de defesa marcou a manhã desta segunda-feira – tarde no Brasil – no julgamento de Murray.
Quando questionado pelo promotor David Walgren se Conrad Murray fornecia propofol a Michael Jackson, White declarou que acreditava que o cantor tinha seu próprio estoque do remédio e que Jackson poderia ter injetado um resto do anestésico que Murray deixou na seringa. Neste momento, o juiz pediu que os jurados se retirassem e avisou a White que ele deveria falar somente sobre o que Murray relatou à polícia e não sobre conversas particulares entre os dois.
“Francamente, isto constitui uma afronta ao tribunal”, disse o juiz responsável pelo caso Michael E. Pastor. Esta foi a segunda vez que White foi acusado de descumprir uma ordem judicial: a primeira aconteceu no dia 21 de outubro quando o juiz o ouviu xingar um dos membros da promotoria. O juiz ordenou que White volte ao tribunal no dia 16 de novembro para uma audiência.
Em seu terceiro dia no tribunal, White voltou a cravar sua crença de que o cantor teria sido o responsável pela própria morte, apesar de diversos artigos e publicações suas dizerem justamente o contrário.
O maior exemplo disso é um capítulo escrito por ele no livro do colega Steven Schafer, no qual recomenda uma série de cuidados para a aplicação de sedativos em pacientes. Entre as exigências básicas, está a anestesia monitorada – “a forma mais pura” desse tipo de procedimento, segundo o texto -, que inclui equipamentos propícios para a ressuscitação do paciente em caso de parada cardíaca, higienização total do ambiente e auxílio de uma equipe formada por profissionais anestesistas especializados. Ou seja, tudo aquilo que Conrad Murray não fazia.
“De acordo com o seu artigo, não seria incorreto aplicar o Propofol em um quarto particular de residência?”, indagou um dos representantes da promotoria sobre o fato de o anestésico ter sido dado ao cantor diariamente, durante dois meses, em sua própria casa, em Los Angeles. “Mas o texto fala especificamente sobre a aplicação de anestesia em cirurgias, não como sedativo regular”, retrucou White.
A acusação, então, insistiu, como fez durante todo o depoimento, questionando se o médico aplicaria o anestésico sem cumprir ao menos o mínimo desses cuidados. “Definitivamente, não aplicaria”, respondeu, enfático, White, contrariando o que a defesa dele esperava.
O promotor foi mais longe e perguntou se White aceitaria ser o médico particular de Jackson, como foi Conrad Murray por tanto tempo. Mais uma vez, a testemunha foi direta, rechaçando completamente a possibilidade de fazer algo do tipo, não só pela exigência de tempo e responsabilidade que o cargo lhe exigiria, como pela falta de recursos materiais disponíveis na residência do paciente para tanto.
Mesmo demonstrando opiniões profissionais bastante contrárias às de Murray, White manteve firme sua crença de que o acusado não teria tido culpa na morte de Jackson. Sem citar o procedimento do médico no tratamento do cantor, a testemunha defendeu a tese de que o astro pop teria se auto-medicado com o Propofol.
“Não acho que o senhor Jackson quisesse se machucar ou qualquer coisa do tipo. Para mim, o Dr. Murray colocou a dosagem numa seringa, a deixou no quarto e foi telefonar. Ele (o cantor), no desejo de cessar sua dor e desconhecendo os perigos que o intervalo entre uma aplicação e outra poderiam lhe causar, acabou se auto-medicando”, teorizou o anestesista, que também comentou não ter problema deixar o quarto do paciente por 15 a 30 minutos depois de medicá-lo com a droga.
O discurso apresentado por White foi exatamente o mesmo daquele contido na carta que entregou meses antes do julgamento aos advogados de ambos os lados, na qual defendia a tese de culpabilidade do cantor em sua morte. Para ele, a teoria de que Murray teria aplicado uma dose fatal em Jackson não faz sentido, pois o médico só o faria se realmente quisesse fazer um mal ao cantor, “o que não teria sentido”.
MJJ UNDERGROUND
Promotor interroga duramente especialista-chave da defesa O anestesiologista contratado pelos advogados de defesa de Dr. Conrad Murray declarou na segunda-feira que "nenhuma quantia de dinheiro" poderia levá-lo a aceitar o trabalho de dar a Michael Jackson o anestésico cirúrgico propofol em seu quarto para ajudá-lo a dormir todas as noites.
"Absolutamente não", o Dr. Paul White testemunhou. "Isso seria um trabalho que eu nunca aceitaria."
A matriarca da família Jackson, Katherine Jackson, cancelou sua viagem para Londres esta semana para a estréia de um documentário sobre seu filho falecido, para que ela não perdesse o veredicto, disse seu assistente à CNN. Ela voltará ao tribunal na terça-feira, ele disse.
A alegações finais poderão vir na sexta-feira ou na próxima segunda, dependendo de quanto tempo os promotores vão precisar para a refutação e quanto tempo será dado aos advogados para se preparar, de acordo com fontes próximas à defesa.
O pai de Michael Jackson, Joe Jackson e sua irmã La Toya Jackson se juntaram à Kathy Hilton - uma amiga de longa data de Michael Jackson e mãe de Paris Hilton - nas cadeiras reservadas para a família Jackson na segunda-feira.
Dr. White, que testemunhou na semana passada que Jackson provavelmente morrera de drogas que ele deu a si mesmo, enfrentou um duro interrogatório na segunda-feira pelo promotor David Walgren no julgamento.
A promotoria afirma que o uso irresponsável de propofol por Murray para fazer Jackson dormir causou a morte de Jackson, mas a defesa acusa Jackson de administrar em si mesmo a overdose fatal, enquanto Murray não estava prestando atenção.
A discussão entre o Ministério Público e o especialista da defesa tornou-se tão acalorada em um ponto, que o juiz mandou os jurados saírem da sala de audiências do tribunal, enquanto ele mediava o conflito.
O juiz Michael Pastor alertou White para evitar referências às suas conversas pessoais com Murray, que poderia ser um caminho para a defesa apresentar as declarações do acusado sem ele ter que testemunhar.
"Boa tentativa", o juiz Pastor disse ao advogado de defesa Michael Flanagan. "Isso é tão óbvio."
O legista determinou que a morte de Jackson foi causada por "intoxicação aguda de propofol" em combinação com dois sedativos.
Os jurados devem escolher entre as duas teorias concorrentes oferecidas por White e Dr. Steven Shafer, anestesista da promotoria, de como e quando a overdose fatal penetrou no corpo de Jackson.
Ambos os médicos, amigos de longa data e colegas, estão entre os maiores especialistas no mundo sobre propofol.
White, em seu depoimento sexta-feira para a defesa, disse que o nível de medicamentos encontrado no estômago, sangue e urina de Jackson, o convenceu de que o ícone pop morreu depois que ele rapidamente se injetou com propofol em cima de uma grande dose de lorazepam que ele engoliu quando Murray se afastou.
No interrogatório da segunda-feira, White disse que Jackson usou uma seringa usada por Murray quando deu a Jackson uma injeção de 25 miligramas uma hora mais cedo. Murray encheu a seringa com 50 miligramas, inicialmente, deixando-a meio cheia no quarto de Jackson, segundo a teoria de White.
White disse que descartou a possibilidade de que Murray teria injetado a dose fatal a menos que "ele quissesse prejudicar o Sr. Jackson."
Walgren perguntou se White achava que Jackson tinha intenção de machucar a si mesmo.
"Eu acho que ele não percebeu o perigo em potencial," White respondeu.
Walgren pressionou quanto a opinião de White sobre a decisão de Murray de deixar Jackson sozinho com uma seringa de propofol, quando ele deveria saber que ele estava desesperado para dormir e que tinha "empurrado" uma seringa de propofol anteriormente.
"Não, eu não iria sair do quarto", disse ele.
No entanto, White defendeu a decisão de Murray de deixar Jackson sozinho 30 minutos depois que ele injetou propofol nele porque o perigo dos efeitos colaterais já teria passado.
"Se você observar o paciente por 15 ou 30 minutos você pode certamente se afastar da cabeceira", disse White.
Os promotores afirmam que Murray é o responsável pela morte de Jackson, mesmo se ele não lhe deu a dose final e fatal, porque ele foi criminalmente irresponsável no uso do anestésico cirúrgico para ajudar Jackson a dormir sem as devidas precauções.
Enquanto Jackson estava ligado a um gotejamento IV, ele só recebeu soro para mantê-lo hidratado, a defesa argumenta.
Shafer demonstrou no tribunal como ele acreditava que o sistema intravenoso (IV) havia sido criado por Murray, mas os investigadores nunca encontraram uma peça fundamental do tubo que teria sido necessária para infundir um gotejamento de propofol no cateter da perna esquerda de Jackson.
O promotor Walgren levou White a concordar que o tubo que faltava era pequeno o suficiente para alguém colocar em seu bolso, sugerindo que Murray pode tê-lo retirado da cena quando os paramédicos estavam carregando Jackson para uma ambulância.
O frasco de 100 mililitros de propofol que os promotores acreditam que Murray usou estava vazio quando os investigadores o encontraram, levando Shafer a concluir que as últimas gotas entraram no corpo de Jackson assim que seu coração parou de bater.
White chamou isso "uma incrível coincidência de circunstâncias" que o frasco ficasse vazio exatamente quando Jackson morreu.
White também disse que tal fluxo de propofol teria deixado Jackson "sonolento, mas desperto e respirando espontaneamente", mas não o teria matado.
Mas as próprias palavras de Murray, falando com a polícia dois dias após da morte de Jackson, levaram o júri para a teoria do gotejamento de Shafer e para longe da teoria de auto-injeção de White.
Murray disse aos detetives que o monitor do oxímetro de pulso no dedo de Jackson mostrou que seu coração batia a 122 batimentos por minuto após Murray perceber que seu paciente não estava respirando. Isto indicaria que Jackson sofreu uma parada respiratória em primeiro lugar, seguida, cerca de 10 minutos depois, por parada cardíaca, testemunharam tanto um cardiologista quanto Shafer.
A diferença é a chave para interpretar o que significa o alto nível de propofol no sangue de Jackson, uma vez que um coração batendo iria fazer circular a droga através do fígado, que a metabolizaria.
A teoria de White de que Jackson morreu de uma injeção rápida requer a suposição de que seu coração parou de bater quase imediatamente, antes de Murray ter visto o monitor em seu dedo.
ALAN DUKE
CNN