Músico de jazz, arranjador, produtor e ativista,
Quincy Jones completou
80 anos nesta quinta-feira (14) como uma das personalidades que
revolucionou a história da música nos últimos 60 anos –e, de quebra, foi
responsável pela fase áurea de
Michael Jackson. O Rei do Pop recebeu a alcunha após o estrondoso sucesso dos álbuns “Thriller” e “Bad”, ambos com a assinatura do “mago”.
Um dos primeiros negros a ser executivo de gravadora,
Quincy foi do jazz ao hip-hop, do arranjo de orquestra a hits do pop. Seja com
disco solo ou apenas nas letrinhas pequenas na contracapa dos discos
clássicos que produziu, ele é o recordista de indicações ao Grammy: das
79 vezes que concorreu ao prêmio, ganhou 23 vezes.
Nascido em Chicago,
Quincy viajou com big bands e tocou, aos 16 anos, com o trompetista
Dizzy Gillespie. Algo até que normal para um garoto que tinha
Ray Charles como amigo na adolescência.
PAIXÃO PELO BRASILAo lado do trompetista
Dizzy Gillespie, Quincy Jones conheceu o Brasil – e
João Gilberto – em 1956. A paixão pela nossa música foi imediata, e mais fatal, mais tarde, com uma artista em especial:
Simone. “Ela é a melhor. Beleza Pura”, disse certa vez em português em entrevista para a TV Manchete nos anos 1990.
Com todo esse convívio,
Quincy se arriscou a fazer arranjos musicais. Deu tão certo que a lista de
artistas com quem trabalhou como compositor, arranjador e produtor é
extensa e estrelar:
Sarah Vaughan, Arteha Franklin, Duke Ellington, Frank Sinatra, Miles Davis, Ella Fitzgerald e
Peggy Lee (veja a seleção das principais músicas de
Quincy no álbum abaixo. Para ouvir a música, clique em “Leia mais” em cada foto).
Encontro com espantalhoFoi com um garoto negro, longe do jazz, que
Quincy teve sua maior parceria. Compositor de trilhas sonoras –de “Italian
Job” a “A Cor Púrpura”–, o produtor trabalhava nas canções de “The Wiz”,
uma versão de “O Mágico de Oz”, com
Diana Ross no papel de Dorothy e
Michael Jackson como o espantalho.
Michael estava à procura de um produtor para seu próximo disco solo, que deveria soar sexy e adulto. Pediu indicação à
Quincy.
O produtor, por afinidade, se ofereceu para o trabalho. Nascia ali uma
colaboração tão importante para a música quanto a dupla
Lennon/McCartney.“Off the Wall”, o disco que
Michael sonhava, saiu em 1979, vendeu 20 milhões de cópias e foi aclamado pela
crítica. “Rock With You” ficou mais de 20 semanas nas paradas, sendo
quatro delas no primeiro lugar. Um feito que pareceu pequeno, mais
tarde, com o barulho que a dupla fez com “Thriller” (1982).
WE ARE THE WORLDA face humanitária de
Quincy Jones teve seu ponto alto na
legendária canção “We Are The World”, de 1985, criada para angariar
fundos para as vítimas da fome na Etiópia. Ele não só produziu, como
teve que administrar os muitos artistas e amigos juntos. A solução foi
colocar um aviso na entrada do estúdio:
“Deixe seu ego na porta”.Com a esperta e fresca mistura de rock,
rap e R&B, o disco vendeu impressionantes 140 milhões de cópias.
“Bille Jean” foi eleita a melhor musica dançante de todos os tempos,
garantiu o 1º lugar nas paradas durante sete semanas e levou o Grammy de
melhor canção de R&B e melhor performance vocal. A canção, pensada
para ter
“a melhor personalidade sonora”, a pedido de
Michael, é o single de maior sucesso de Quincy Jones até hoje.
“Desatualizado”A parceria entre Quincy e
Michael terminou após o sucesso do álbum “Bad”, em 1987. O produtor foi demitido por ser considerado
“desatualizado” frente às novidades que
Michael buscava para o próximo trabalho.
O produtor demonstrou, nos últimos anos,
ainda guardar certa mágoa do episódio. “Michael era um grande artista,
mas não jogava no time de gente como Frank Sinatra, Nat King Cole,
Billie Holiday, Aretha Franklin e Ray Charles”, disse ele certa vez.
Quincy, porém, seguiu em frente.
Fez discos solos, se apresentou com Miles Davis, descobriu novos
artistas e investiu seu próprio nome em uma empresa de entretenimento,
com braços na TV (“Um Maluco no Pedaço”, com Will Smith, foi produzido
por ele) e em publicações.
Reconhecido,
Quincy ainda ganha, quase por unanimidade, o título de guru de
Michael Jackson.
Para muitos, ele é responsável em trazer à tona, no estúdio, o que o
cantor tinha de melhor, e transformá-lo na lenda que entrou para a
história.
No dia 13 de abril,
Quincy Jones será homenageado por artistas como
Bono (do U2), Barbra Streisand, Whoopi Goldberg, Chaka Khan, Herbie Hancock, Jennifer Hudson, Scarlett Johansson e
Will.i.am. O triburo ocorrerá na festa Power of Love, tradicional baile de gala beneficente que acontece todo ano em Las Vegas.
Fonte: UOL