O TESTEMUNHO SOB JURAMENTO QUE VOLTARÁ PARA ASSOMBRAR WADE ROBSON
Por Charles Thomson
Quando você está cobrindo Michael Jackson por um período significativo de tempo, você chega a acreditar que nada pode chocá-lo mais. Desde que comecei a escrever sobre Michael Jackson para várias organizações da mídia, ele anunciou a maior concentração de concertos de todos os tempos e, em seguida, morreu antes que pudesse terminá-lo. Um médico foi preso pelo homicídio dele e um álbum póstumo causou escândalo internacional por supostamente conter faixas cantadas por um impostor.
Por muitos anos, a vida de Michael Jackson (e vida após a morte) tem sido acompanhada de escândalos, polêmicas e disputas legais. Atualmente, a empresa de entretenimento AEG – que promoveu os concertos “This Is It” de Michael Jackson – está em julgamento pelo o que, a família do cantor sente, é um mínimo de responsabilidade por causa da morte dele. Já, testemunhas atestaram que Jackson foi tirado do palco durante alguns ensaios pelo medo de que ele pudesse se ferir. Um produtor testemunhou a chorar quando viu Jackson divagar nos ensaios que Deus estava falando com ele. Ela disse aos jurados que havia advertido os membros “sêniors” da produção de que acreditava que ele estava morrendo e precisava ser transportado para o hospital, mas seus apelos foram ignorados. Menos de uma semana depois, ele estava morto.
Para um correspondente experiente de Jackson, nada disso foi surpreendente. Parece que não passa uma semana sem algum drama sobre a falecida lenda da música ou aqueles intimamente associados a ele, de conflitos de direitos autorais a alegações de sequestro. Mas na semana passada, houve um desenvolvimento na esfera Michael Jackson que realmente me surpreendeu. Wade Robson, que tem defendido firmemente Michael Jackson por 20 anos e ainda testemunhou para ele no julgamento de 2005, apresentou documentos contra várias organizações ligadas à lenda do pop, buscando vários pagamentos por alegado abuso na infância.
O coreógrafo diz que foi abusado sexualmente por sete anos, dos sete aos 14 anos de idade. A notícia abalou a comunidade de Michael Jackson. Aqueles que o amam surgiram em defesa dele, enquanto aqueles que construíram carreiras em atacá-lo reagiram com alegria indisfarçável. A ex-mulher de Jackson, Debbie Jackson Rowe, tem marcado as exigências financeiras de “oportunista”, e Jermaine Jackson tem tachado o coreógrafo de “cheio de **”.
O advogado de direitos civis Tom Mesereau, que defendeu Jackson no julgamento dele, em 2005, sugeriu que as reivindicações são “suspeitas”, pois apresentação pública delas coincidiu tão bem com o julgamento da AEG. Na verdade, as alegações surgiram quando a maquiadora Karen Faye testemunhou que ela e os outros tinham levantado repetidas preocupações sobre a saúde de Jackson, mas tinha recebido respostas insensíveis dos responsáveis. A posterior entrevista televisionada de Robson assegurou pouca atenção da mídia para pagar o depoimento o testemunho de um empregado da AEG de que os papéis financeiros provaram que Murray era empregado da empresa, e não de Michael Jackson. Wade Robson tem trabalhado constantemente para AEG e, aparentemente, já tem trabalhos futuros alinhados com a corporação, mas o advogado dele negou qualquer conexão entre os processos judiciais.
À luz da mudança repentina de sintonia de Robson, eu tirei a poeira de minhas completas transcrições do julgamento de 2005 de Michael Jackson pelo Ministério Público. Enquanto muitas notícias têm referido que Robson testemunhou para Jackson, no caso, poucos fizeram qualquer esforço especial para destacar a gravidade do testemunho dele.
“Wade Robson era uma testemunha tão convincente e segura que Michael Jackson o escolheu para abrir o processo de defesa dele no julgamento. Sob interrogatório firme e sustentado e, por vezes, agressivo, por parte do promotor Ron Zonen, Robson não só negou qualquer impropriedade por parte de Jackson, mas o fez várias vezes, de forma enérgica e convincente – até mesmo zombando dos promotores e descrevendo a mera sugestão de inocente nas mãos de Jackson como “ridícula’.”
Como uma nota lateral, a ideia de que, em um julgamento sobre o suposto inocente de crianças, um verdadeiro agressor iria escolher alguém que ele tivesse molestado por sete anos como a primeira testemunha a sofrer implacável interrogatório da promotoria pode parecer um pouco exagerado para o casual espectador.
Quando visto ao lado de alguns dos comentários que ele fez no Today Show, esta semana, o depoimento de Robson, é provável, lança mais de uma dúvida razoável sobre os novos pedidos. Ele respondeu com clareza e competência a perguntas detalhadas sobre vários exemplos da alegada má conduta. O testemunho é tão imensamente prejudicial para as novas exigências legais por dinheiro que ele e o advogado dele já flutuavam dias potenciais, mas sem dúvidas, igualmente nada convincentes, explicações para a bizarra reviravolta.
Quando a história sobre as exigências de dinheiro passou ao vivo na semana passada, o advogado de Robson foi citado como dizendo que o coreógrafo recuperou “memórias reprimidas”, uma história que, muitos sugeriram, poderia ter sido concebida para explicar negações extenuantes de Robson no julgamento de 2005, sem admitir perjúrio. No entanto, a alegação de Robson foi considerada com tal incredulidade – muitos psicólogos eminentes nem sequer acreditam em memórias –, que ele tem mudado desde o argumento.
Robson afirmou em na entrevista dele na TV, esta semana, que a verdadeira razão pela qual ele disse aos jurados que ele não foi molestado foi que ele não tinha percebido que o que Jackson, supostamente, fez com ele era abusivo – outra reivindicação garantida a levantar uma sobrancelha. Ele era um homem de 22 anos, profissional bem sucedido, no momento do depoimento dele.
Sob juramento, em 2005, Robson foi perguntado, repetidamente, sobre atos particulares e se ele sabia que Michael Jackson os tinha realizado em qualquer criança. Ele respondeu com veemência que não só ele nunca presenciou qualquer tipo de comportamento, mas ele estava firme na opinião dele de que Michael Jackson nunca teria se envolvido nisso.
Olhando para trás, ao longo dos documentos judiciais 2005, a última explicação para o testemunho dele simplesmente não resiste a uma análise. Por exemplo, ele foi perguntado especificamente se Jackson tinha tocado o corpo dele. Independentemente de saber se ele acreditava que a conduta de Jackson constituía inocente, se Jackson tivesse realmente tocado o corpo dele, a resposta clara teria sido “sim”. Mas não foi “sim”. Foi “não”. Não uma e outra e outra vez.
Ele mesmo testemunhou que, depois do que ele, agora, alega ter sido vários anos de inocente nas mãos de Jackson, ele voltou à cena dos supostos crimes mais de 20 vezes mais tarde na vida, com amigos e parentes no reboque, para uma estadia relaxante. Ele também testemunhou permanecer em contato com Jackson e ainda o considerava um amigo próximo. De fato, vários anos após o julgamento, Robson continuou a conviver com Jackson.
Pouco depois que a morte de Jackson foi anunciada em 2009, Robson escreveu que Jackson era “um dos principais motivos por que eu acredito na pura bondade da humanidade”. De acordo com o irmão de Jackson, Jermaine, Robson e a mãe dele o ajudaram a escrever partes da autobiografia dele sobre o retrato injusto que a mídia fez do irmão dele como um molestador de criança. De fato, desde a morte de Jackson, Robson prestou homenagens públicas à estrela repetidamente, como recentemente, em 2012. Ele até se candidatou, no ano passado, para um trabalho de coreografar em um show em tributo ao alegado abusador dele, mas não conseguiu o show.
Wade Robson entrou com pedido de indenização contra o Espólio de Jackson em busca de um pagamento em dinheiro por alegado abuso na infância. Ele também entrou com uma ação civil contra as várias empresas afiliadas a Jackson, buscando mais uma compensação financeira pelo suposto abuso.
Ele insistiu, esta semana, sobre as novas alegações, que “não se trata de dinheiro”.
A transcrição integral do depoimento de Robson em 5 de maio de 2005, totaliza cerca de 14 mil palavras e atravessa 60 páginas de folha A4. Ele inclui lotes de repetição e discussão sobre onde ele morava, quando os pais se separaram e vários outros apartes tangenciais. Abaixo, eu extraí o que eu acredito ser a chave do testemunho. É difícil ver como, dada a existência desse testemunho sob juramento, Robson poderia convencer um júri além de uma dúvida razoável de que Jackson já tenha agido inadequadamente na presença.
Uma pessoa cínica poderia, portanto, interpretar a entrevista de alto perfil de Robson na TV, esta semana, como uma tentativa de evitar entrar em um tribunal e ter um júri testando as novas reivindicações dele. Quantos mais visíveis ataques públicos a Jackson o Espólio pode sofrer antes de ser forçado a começar a considerar um acordo? Nesta fase, a capacidade de danificar o potencial de ganho do Espólio é tudo que Robson tem a favor dele – porque a prova está firmemente a favor de Michael Jackson.
http://charlesthomsonjournalist.blogspot.com.br/2013/05/the-sworn-testimony-that-will-come-back.html