de 26/06/2009Grace Rwaramba, 42 anos, babá dos filhos de Michael Jackson e funcionária do cantor há 17 anos –primeiro em seu escritório e depois cuidando das três crianças–, deu entrevista a Daphne Barak, publicada neste domingo no “The Times of London”.
Michael Jackson havia recentemente demitido a babá, que diz ter criado os três filhos do astro desde o primeiro dia de vida de cada um deles. Na entrevista, ela falou sobre o vício em medicamentos do cantor, e afirma ter recebido uma ligação da mãe dele, no dia seguinte de sua morte, perguntando sobre onde estaria escondido o dinheiro que Jackson tinha guardado.
O ‘rei do pop’, o cantor Michael Jackson, morreu nesta quinta-feira (25), em Los Angeles, no estado americano da Califórnia, após ser socorrido e levado a um hospital com uma parada cardíaca. Ele tinha 50 anos e estava preparando uma última temporada de shows.
Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista publicada pelo jornal britânico:
Morte de Jackson
Grace estava em Londres quando soube da morte do ex-patrão, e teria passado as 24 horas seguintes tentando contatar as crianças, Prince Michael Primeiro, de 12 anos, Paris Michael, de 11 anos, e Prince Michael Segundo, de 7 anos, apelidado de Blanket –que, segundo ela, a consideram como mãe.
Na manhã de sexta-feira, dia seguinte à morte de Michael Jackson, a mãe do cantor, Katherine, teria telefonado à babá perguntando sobre onde estaria escondido o dinheiro de Jackson. “Grace, as crianças estão chorando. Estão perguntando de você. Não conseguem acreditar que o pai morreu. Grace, você se lembra que Michael costumava esconder dinheiro em casa. Estou aqui, onde pode estar?”.
A babá afirma:
“Eu disse a ela que olhasse nos sacos de lixo e debaixo dos tapetes. Mas, você pode acreditar nisso? Essa mulher perdeu o filho há apenas algumas horas e me liga para saber onde está o dinheiro! Pedi para falar com as crianças, ela me disse que elas estavam dormindo. Mas tinha acabado de dizer que elas estavam chorando! Ela não me deixou falar com elas”.Notícias de sábado davam conta de que Grace estaria na casa da família Jackson com os três filhos do ex-patrão, mas não há confirmação se de fato isso ocorreu.
Vício em medicamentos
A babá afirmou que o cantor era viciado em remédios e que teve de fazer lavagens em seu estômago por diversas vezes depois de ele ter ingerido muitos medicamentos. Falou também de seu estado sujo e desleixado nos últimos momentos de vida. Grace testemunhava o abuso de drogas por Michael Jackson, e diz que ele tomava uma mistura de medicamentos.
Em suas palavras, “ele sempre comia muito pouco e misturava demais. Tive que massagear seu estômago muitas vezes, porque ele sempre misturava muito. Houve um período em que ele ficou tão mal que eu não deixava as crianças vê-lo.”
Ela afirmou ainda que Jackson teria ficado furioso por ela ter chamado sua mãe e a irmã Janet para ajudar. “Tentamos fazer uma intervenção. Ele ficou tão bravo comigo. Gritava: ‘Você traiu minha confiança, você as chamou nas minhas costas’. E essa foi uma das vezes em que ele me demitiu.”
Relação com os filhos
Grace voltou, foi demitida novamente há algumas semanas e vinha sofrendo com a distância das filhos de Jackson. “Eu carreguei essas crianças em meus braços desde o dia em que nasceram, são meus bebês”, afirmou na entrevista. Ela contou que o cantor não a deixava ver os três, independentemente de todos os seus apelos. “Escrevi, mas ele não respondeu. Mudou todos os telefones. E vinha recebendo telefonemas de que as crianças estavam sendo negligenciadas. Ninguém estava limpando os quartos, porque ele não pagava os empregados. Recebi outra ligação dizendo que Michael estava péssimo, sujo, que não se barbeava nem cortava as unhas. Que não estava comendo. Eu costumava ajudá-lo com tudo isso.”
“Eu amo meus bebês e sinto falta deles. Eu costumava abraçá-los e rir com eles. Mas quando Michael estava por perto, eles gelavam. Ele não gostava que eu os abraçasse, mas eles precisavam de amor. Eu sou a única mãe que eles puderam conhecer.”
Ela descreve Prince como “muito esperto” e disse que Blanket, o caçula, preparou a ela um show, um dia antes da demissão. “Ele era tão fofo, cantando para mim ‘Billie Jean’ e outras canções de seu pai. Estávamos nos divertindo tanto e, de repente, Michael entrou. Blanket imediatamente parou. As crianças pareciam assustadas, Michael estava tão bravo! Eu sabia que ele me demitiria. Sempre que percebia que as crianças estavam muito apegadas a mim, ele me mandava embora”.
De acordo com a babá, as crianças não gostavam das máscaras que o pai as obrigava a usar em público e, sempre que conseguia, perdia-as ou esquecia de levá-las para as viagens.
Michael Jackson levava as três crianças por toda parte, mas estava totalmente sem dinheiro. “No aniversário de Paris, em abril, eu queria comprar bexigas, coisas para fazer uma festa de aniversário. Não havia dinheiro na casa. Coloquei tudo no meu cartão de crédito pessoal. Trouxe pessoas para limpar o quarto das crianças, que precisava de uma faxina. Ele não estava pagando ninguém.”
Imitador de Michael Jackson dança para os fãs embaixo da Torre Eiffel, em Paris, neste domingo (28). O cantor, morto na quinta-feira, vm recebendo homenagens em todos os cantos do mundo (Foto: Reuters)
Dinheiro
Grace contou que Michael Jackson não sabia lidar com dinheiro e que costumava gastar tudo o que recebia. Após seu julgamento, em 2005, ele teria começado a receber remessas de dinheiro do xeque Abdullah, filho do rei de Bahrein, às vezes pela conta bancária da babá. Ela conta que recebeu depósitos de US$ 1 milhão e depois mais US$ 35 mil. Michael teria pedido que Grace desse seu cartão à mãe, Katherine, para que ela pudesse sacar dinheiro –o que, de acordo com a babá, ela fez todos os dias.
Ano passado, Abdullah processou Michael Jackson por não ter cumprido um contrato de 4,7 milhões de libras por ele não ter gravado um disco e lançado uma biografia, que pagariam-no de volta todo esse dinheiro “investido”.
“Quando vivemos em Bahrein, não tínhamos nenhum tostão. Tudo era pago por Abdullah. E Michael deve tanto dinheiro às pessoas”, afirma a babá. Segundo ela, quando o cantor recebia algum dinheiro, ao invés de comprar uma pequena casa para viver, ao invés de ficar rodando de hotel em hotel, ele gastava. “Uma vez me mandou ir a Florença para gastar um milhão de libras em antiguidades. Paguei a passagem com meu cartão de crédito, quando cheguei lá e vi que as antiguidades não valiam nada, liguei para ele, que, mesmo assim, me mandou comprá-las. Não tínhamos nem casa para pôr as antiguidades.”
Grace alega que não era paga pelo rei do pop desde outubro de 2008, e que ele não havia nem mesmo pago as despesas de seu plano de saúde –ela sofre de lúpus, doença que afeta o sistema imunológico.
Ela conta, ainda, que o ex-chefe costumava assinar contratos sem saber exatamente do que se tratava e que, ao se comprometer com a AEG Live, não tinha consciência de que havia fechado 50 apresentações. “Cinquenta shows? O que você está fazendo?”, ela teria questionado. “Eu assinei por apenas dez”, ele teria respondido. “Ele não sabia nem o que tinha assinado. Ele nunca sabia.”
Andamento do caso
O cardiologista Conrad Murray, que estava com o cantor Michael Jackson no momento da morte do popstar, deu depoimento de mais de três horas de duração à polícia de Los Angeles, neste sábado (27), e “não é suspeito”, declarou uma porta-voz do médico.
O doutor Conrad Murray “ajudou a identificar as circunstâncias da morte e a esclarecer algumas dúvidas”, disse a porta-voz Miranda Sevcik em comunicado divulgado pela agência Associated Press. “Os investigadores declararam que o médico não é um suspeito, mas uma testemunha desta tragédia”, segundo a nota. De acordo com a polícia, Murray “deu informações que irão ajudar nas investigações”.
O comunicado diz ainda que o médico seguiu na ambulância que atendeu o cantor e ficou no hospital por horas “confortando e consolando a família Jackson”. Ainda de acordo com a nota, Murray está em Los Angeles desde a morte do cantor e pretende permanecer até quando for necessário.
O médico, que atendia
Michael Jackson havia três anos, estava sendo pago pela AEG Live, empresa organizadora da turnê de retorno de
Michael Jackson planejada para acontecer em Londres.
“Como empresa, nós preferíamos não ter um médico contratado em tempo integral porque seria mais barato sem os hotéis e as viagens, mas Michael insistiu que ele fosse contratado e disse que tinha com ele uma relação especial”, afirmou
Randy Phillips, presidente da AEG Live.
O passado do médico vem sendo levantado nos últimos dois dias, já que ele parece ser a testemunha-chave sobre o que de fato aconteceu na residência de
Michael Jackson na quinta-feira, 25/06/09, dia de sua morte. De acordo com o jornal “Los Angeles Times”,
Murray estava aplicando técnicas para tentar ressuscitar o cantor quando os paramédicos chegaram para o resgate. Na gravação do pedido de socorro, um interlocutor afirma que o médico pessoal da vítima estava no local.
O presidente afirmou que em fevereiro o cantor havia passado por uma maratona de cinco horas de exercícios físicos, exigidos pela seguradora do show.
“Nós disseram que ele passou com êxito no teste.” Baseado nesses resultados e no fato de que os shows da turnê ocorreriam todos no mesmo local, a AEG Live não estava preocupada com o histórico de problemas de saúde de
Michael Jackson.
Após os resultados inconclusivos da necrópsia realizada no corpo de Michael Jackson, a família do cantor pediu novos exames para que a causa da morte seja esclarecida. A informação foi confirmada a agências internacionais pelo porta-voz do Instituto Médico Legal de Los Angeles, Brian Elias. Segundo o jornal “Los Angeles Times”, a segunda necrópsia foi concluída, mas os resultados não foram divulgados.
De acordo com a Fox News, a família de Michael Jackson esteve reunida próximo à sua casa, no subúrbio de Los Angeles, analisando como seria feito o sepultamento. Uma empresa de mudança foi enviada à mansão de Holmby Hills, onde Michael Jackson morava, para encaixotar e levar embora suas coisas.
Michael Jackson, que completou 50 anos em agosto de 2008, havia anunciado em maio o adiamento de alguns dos shows de uma extensa temporada que ele faria em Londres entre 13 de julho próximo e fevereiro de 2010.
O adiamento das datas aumentou as especulações de que Michael Jackson estaria sofrendo de problemas de saúde.
O anúncio da morte de Michael Jackson deixou apreensivos cerca de 750 mil fãs que haviam comprado ingressos em velocidade recorde – a uma média de 11 entradas vendidas por segundo. Na sexta-feira seguinte à morte do cantor, algumas empresas responsáveis pela venda garantiram que fariam o reembolso aos fãs.
Fonte: G1