Em meio à evolução do julgamento do processo judicial dos Jackson contra a AEG as alegações sobre o poder aquisitivo póstumo de Michael Jackson tem sido notícia nos últimos tempos. Recentemente, o Cirque du Soleil estreou "Michael Jackson One", em Las Vegas, uma co-criação com o Espólio de Jackson. Enquanto isso, a recordista turnê do show do Cirque "Michael Jackson The Immortal World Tour" arrecadou um valor estimado em 300 milhões de dólares desde que estreou em 2011. Com o quarto aniversário de sua morte se aproximando, Jackson, sem dúvida, continua a ser uma fonte de lucro.
No entanto, o Rei do Pop deu ao mundo mais do que entretenimento e escapismo: ele também ofereceu caridade e engajamento cívico.
O "Rei dos Corações" é como um fã chinês de vinte e poucos anos da província de Cantão descreveu o Rei do Pop para mim.
A notória iniciativa humanitária de Jackson foi saudada no Guinness World Records como o maior número de contribuições para a caridade já realizada por uma estrela pop. Ele gravou singles de caridade como "We are the World" bem como reverteu rendimentos de várias turnês mundiais para instituições de caridade.
O falecido Jackson na verdade surgiu como uma plataforma global para a filantropia.
Estimulados pela morte prematura de Jackson aos cinquenta anos, os fãs da Ásia à África fazem doações em seu nome numa parceria com organizações sem fins lucrativos e instituições de caridade para ajudar a alcançar os objetivos de Jackson a fim de aumentar a conscientização sobre o meio ambiente e proporcionar caridade para com os pobres e doentes.
Eu testemunhei em primeira mão a capacidade de Jackson para inspirar quando eu assisti a uma homenagem de um fã de Jackson em Cantão, na China, em 2011. Durante a inauguração de uma escultura do Rei do Pop, os fãs fizeram uma coleta para a UNICEF. Surpreendentemente, eu ouvi de vários fãs chineses que, preferiram assistir a cenas de filantropia de Jackson - visitar hospitais e participar da distribuição de presentes para vítimas de queimaduras e pacientes de câncer, em suas turnês mundiais - ainda mais do que as suas performances.
Fãs de Pequim levaram mensagens de Jackson sobre o meio ambiente para as ruas. No primeiro aniversário da morte de Jackson, eles organizaram uma "marcha verde de bicicleta" na cidade altamente poluída para aumentar a conscientização sobre as toxinas e estimular a redução das emissões de gases por veículos. Vestindo camisetas e luvas de lantejoulas, os fãs pedalaram em torno da cidade ao som da música de Jackson ostentando os dizeres em chinês e Inglês "Proteger o meio ambiente começa por você mesmo - I Heart MJ".
Fãs chineses continuam a seguir o exemplo de Jackson, arrecadando dinheiro para crianças com doenças. Alguns fãs notam que como resultado da defesa das mensagens de Jackson sobre o meio ambiente e caridade em suas letras e vídeos de música, eles estão mais conscientes da conservação de energia, reciclagem e preservação da vida na natureza.
Depois, há a organização norte-americana “um milhão de árvores para Michael”, sem fins lucrativos que tem parceria com o American Forests. AMTFM planta árvores em todo o mundo em homenagem a Jackson. Declaram em seu site, "Estamos empenhados em prosseguir com a mensagem de Michael... Nossa esperança é ter "Michael Jackson Memorial florests” em tantos países quanto possível, em todos os continentes, já que Michael é tão amado em todo o mundo".
A fundadora Trisha Franklin afirma que ela foi inspirada por letras de Jackson e apelos para salvar o meio ambiente presentes em seu filme póstumo "This Is It" e queria colocar seu pedido em ação. Em junho de 2013, AMTFM plantou 26.922 árvores em nome de Michael Jackson com contribuições de comunidades internacionais de fãs.
Outro projeto no qual os fãs de Jackson contribuem é a construção de um orfanato na Libéria, África, chamado de "Everland". Iniciado em 2011, este projeto ajuda as crianças da Libéria e Costa do Marfim, que estão deslocados e órfãos em função da guerra civil e dos efeitos de doenças. Everland é organizada pelo “Legado de Michael Jackson”, uma organização de caridade anglo-americana. MJL foi fundada por Dee, que ficou órfã quando criança e que, de acordo com o site, "credita a Michael o fato de inspirá-la em meio a uma infância traumática e, mais tarde, por incutir o seu compromisso e dedicação para ajudar os menos afortunados." Em junho de 2013, os fãs de 31 países doaram US$49.471 para Everland.
Aparentemente, o reino do entretenimento proporciona uma rota alternativa para o engajamento cívico, como constata Henry Jenkins da Universidade de Southern California. O professor Jenkins estuda o Harry Potter Alliance, uma organização sem fins lucrativos que usa temas da marca Potter para envolver os jovens e incentivar a justiça social no mundo real. O site da HPA pretende "capacitar nossos membros para agir como os heróis que eles adoram, agindo por um mundo melhor." O HPA mobiliza fãs para arrecadar dinheiro para ajuda humanitária no Haiti, doar livros para projetos de alfabetização e angariar fundos para os civis em Darfur.
Para esclarecer, a filantropia não pode resolver completamente os problemas estruturais de desenvolvimento e desigualdade. No entanto, como cidadãos preocupados podemos incentivar os jovens a se envolverem nos cuidados com o planeta e seus povos. Meus alunos estão interessados no trabalho do HPA e intrigados com as possibilidades de um fã da filantropia. Um fã da filantropia, nesse caso, pode ser uma ferramenta poderosa para o engajamento cívico e de mudança social.
Dr. Martin SJ é um antropólogo e responsável pelo setor de bolsas de estudo, que publica na mídia em Hong Kong, China, e Hollywood. Martin ensina antropologia no Pomona College.
Fonte: http://www.opednews.com/