A sexta edição do Rock in Rio fechou com a estreia triunfal de Justin Timberlake em palcos nacionais - uma das grandes cartadas para o museu de troféus do festival.
Às 23h45, o momento mais esperado das mais de 80 mil pessoas que quase lotavam por completo o recinto: Justin Timberlake desce a imensa escadaria com o seu visual típico, de fato, chapéu e ténis, para interpretar 'Pusher Love Girl', interrompido por uma enorme ovação que deixou o cantor sem palavras mas que não faz esquecer o enorme embaraço técnico de não se ouvir a sua voz durante parte substancial do tema.
'Rock Your Body' é interpretado e dançado com um moonwalk do seu grupo de dançarinos. Em 'FutureSex', que se enrola com 'LoveSound', Timberlake dança com o suporte do microfone como se fosse o seu par. O entusiasmo à volta de 'My Love' deixa muitas vozes da assistência roucas, enquanto que 'TKO' é mais um número alucinante de dança assombrada por Michael Jackson.
Justin Timberlake faz então o primeiro discurso para a multidão (não faria muitos mais), em que chama a atenção para a sua estreia em Lisboa antes de começar a cantar 'Summer Love'. O movediço 'LoveStoned' leva o cantor a pedir para o público abanar os seus rabos, antes de 'Until the End of Time', balada soul tocada por Justin Timberlake ao piano e abrilhantada por uma camada estrelada de telemóveis deslumbrante.
Os seus numerosos The Tennessee Kids desdobram-se a seguir na colagem da versão de 'Holy Grail' de Jay Z a 'Cry Me a River'. 'Señorita' serve para a bem apetrechada secção de metais avançar para a frente de palco. Em 'Take Back the Night', Timberlake larga o piano para correr de uma ponta à outra do palco para euforia do público que o via a poucos metros. Tempo depois para um mergulho ainda mais profundo ao universo funky dos anos 70 na interpretação de 'Shake Your Body (Down to the Ground)', um original dos Jacksons. Timberlake aproveita o embalo das versões para dar um toque mais bluesy a 'Heartbreak Hotel' que Elvis Presley tão bem cantava.
Já com o fim no horizonte, ouve-se 'Not a Bad Thing', antes de Michael Jackson fazer notar-se outra vez, desta vez através de um original seu, 'Human Nature', que Timberlake aproveita para pedir para erguermos a mão em honra do Rei da Pop.'What Goes Around... Comes Around' é tão bem cantado e de cor pelo público que dá a ilusão de sermos um povo anglo-saxónico. O popular 'Suit & Tie' é nova convocatória da sua armada de dançarinos para a ribalta.
No encore, 'SexyBack', onde mais um solo ruidoso de guitarra se faz notar, mostra Justin Timberlake como a única estrela masculina à altura de Beyoncé na categoria de performance de r&b. O tema final 'Mirrors' concentra a alegria de um espectáculo triunfal, marcado pela despedida de dezenas de milhar de braços no ar enquanto Timberlake sobe a escadaria para não mais voltar.
É de notar a densidade humana elevada e perigosa nas centenas de metros quadrados mais próximos do palco, a provocar muita irritabilidade e até asfixia nos espectadores, com um sufoco que não existiu na noite esgotada dos Stones. E sobretudo é de criticar a extrema arrogância dos vendedores ambulantes de cerveja que se achavam no direito de empurrar as pessoas, com uma prepotência que punha em risco a integridade das pessoas - insiste-se nesta palavra que não é um detalhe: pessoas.
Fonte: cotonete.iol