Coroado na África: O Rei do Pop Conta a Verdadeira História de sua Viagem
por Robert E. Johnson; traduzido por Bruno Fahning e Juan Garutti
Matéria publicada pela revista americana "EBONY", em 1 de maio de 1992.
Desde quando ele foi vocalista principal aos 14 anos do grupo Jackson 5, Michael Jackson visitou pela primeira vez a África. "Quando descemos do avião na [Dacar, Senegal] África", ele evoca, "fomos cumprimentados por uma extensa fila de dançarinos africanos". Os seus tambores e sons encheram o ar com ritmos. "Eu estava maluco, eu gritava, 'Muito bem! Eles contraem o ritmo' Isto é ele. Isto é de onde venho. A origem".
Dezenove anos depois, quando Michael, agora com 33, saiu do avião no Gabão - uma nação vizinha à África no Oeste do Senegal - uma multidão excitada lhe esperava, estudantes do primeiro grau gritavam e conduziam um estandarte que dizia: "Bem-vindo a casa Michael". Os sons de tambor novamente contemplaram o ar de ritmo que fluiu de fãs, quem também se reuniram no aeroporto e enfeitaram as ruas em antecipação para ver o "rei do pop, rock, e soul", quem depois seria coroado "Rei Sani" em uma aldeia africana.
Chegando ao aeroporto no Gabão a mega-estrela é cumprimentada alegrando crianças e dignitários. Apesar dessa aclamação toda, o ídolo do pop quase que imediatamente tornou-se o centro de uma controvérsia internacional baseada em campanhas negativas dos meios de comunicação. A mídia publicou essas grande mentiras:
A viagem foi "um desastre de relações públicas de Michael". A verdade: Ela foi um triunfo no qual teve mais espectadores no Gabão do que Nelson Mandela e mais na Costa do Marfim do que o Papa, segundo porta-vozes africanos. O cantor interrompe uma viagem à África depois de gerar uma espécie de uma má excitação. A verdade: Os patrocinadores quiseram que ele estendesse a sua viagem para satisfazer a demanda de seu aparecimento em todo lugar. Ele manteve a sua mão ao seu nariz porque as nações africanas cheiravam mal. A verdade: Ele às vezes toca o seu nariz, um velho hábito nervoso que recebeu o apelido "de mau cheiro", dado originalmente por Quincy Jones porque Michael tocava em seu nariz em Los Angeles.
Ele teve um colapso de calor e foi para Londres após uma solicitação médica. A verdade: Jackson nunca se sentiu incomodado pelo calor. E seu médico pessoal, o Dr. R. Chalmers lhe acompanhava na viagem. Michael nunca precisou ir a Londres para se consultar com o médico. Ele recusou apertar a mão dos africanos. A verdade: Ele apertou a mão de centenas de pessoas, beijou crianças nos hospitais e em instituições para doentes mentais. Ele não é "preto e nem branco" e não é um bom modelo para as crianças. A verdade: Depois que Michael leu uma oração na basílica da Nossa Senhora da Paz na Costa do Marfim, um menino de 9 anos exclamou: "Michael é o amor, amor, amor! Quero ser como ele".
Como ele é bem conhecido pela a sua humanidade e filantropia, o organizador da viagem, Charles Bobbit refletiu na viagem africana e disse: "fiquei impressionado com a interação entre Michael e as crianças. Ele sentou-se na cama com crianças deformadas e crianças doentes". Ele sentou-se lá e falou com eles e abraçou-os. Ele apertou a mão e não usou uma máscara cirúrgica como faz às vezes na América. Isto o qualifica como um modelo exemplar para as crianças; os seus feitos e não seus olhares.
Enquanto as críticas internacionais alastravam-se, Michael permaneceu afastado, recusando-se a ler as histórias da mídia e disse que prefere deixar seus feitos e suas canções falarem por ele. Estranhamente e significativamente, ele tinha antecipado isto e outras críticas na canção "Why You Wanna Trip On Me", no álbum "Dangerous". A canção diz, em parte:
They say I'm different
Eles dizem que eu sou diferente
They don’t understand
Eles não entendem...
But there's a bigger problem
Mas há um problema maior
That's much more in demand
Há muito mais em jogo
You got world hunger
Temos um mundo com fome
Not enough to eat
Não há o suficiente para se comer
So there's really no time
Então realmente não há tempo
To be trippin' on me…
Para ficar me perturbando
Ele tinha vindo à terra de seus antepassados para participar de uma cerimônia histórica conduzida abaixo de uma árvore sagrada na aldeia mina de ouro de Krindjabo, povoado pela tribo Agni localizado perto de Abidjan, Costa do Marfim. O povo da aldeia tem uma admiração pelo Amon N'Djafolk, o chefe tribal tradicional de Krindjabo que colocou uma coroa de ouro sobre a cabeça do monarca musical e denominou-o "o rei Sani".
Na Costa do Marfim um oficial tribal prepara a vestimenta para a coroação do "rei do pop, rock e soul" pelo Chefe Amon N'Djafok, artista elevando-se ao honorário de "Rei de Sani".
Quase não contendo a emoção, o filho tímido e sensível de Joseph e Katherine Jackson, sorriu e disse, "Merci beaucoup", ao povo que fala francês e repetiu em inglês, "lhes agradeço muito".
Ele então se juntou aos idosos da corte do rei, assinou documentos oficiais e sentou-se em um trono de ouro, e dançarinas vestidas com vestidos brancos, realizaram um deslumbrante ritual. Essas mulheres idosas são as guardiãs da aldeia, e a sua performance cerimonial deu as suas bênçãos a coroação "do Rei Sani" e pediram a Deus proteção em uma árvore que simboliza a essência do poder.
O mensageiro musical, que viajou a nações do Oeste e Leste da África, que se autoproclamou embaixador da paz, do amor e da boa vontade, arquivou um sucesso que excedeu suas próprias expectativas. Desde a sua chegada em Gabão, onde mais de 100 mil pessoas o receberam com espiritualidade, até sua parada no Cairo, Egito, para onde ele pagou homenagem ao seu mais novo álbum, "Dangerous", com o single mais vendindo e vídeo clipe "Remember The Time", Michael foi pego por um furacão de ótimos acontecimentos. O Presidente Bongo disse a Jackson que ele seria o primeiro artista a receber a medalha, que até então foi dada apenas a chefes de estado e diplomatas e dignitários de alto nível – incluindo Nelson Mandela.
Após receber a maior honra no Gabão, a Medalha de Honra, que é normalmente reservada aos chefes de estado, Jackson deixa a cerimônia com o Presidente Omar Bongo em Libreville.
Como o anfitrião da turnê, o Presidente Bongo nomeou sua filha, Pascaline Bongo, o Ministro estrangeiro da nação, e seu filho, Ali Bongo, para coordenar a turnê junto com Charles Bobbit, um especialista para o Presidente, quem iniciou a idéia da visita de Michael.
Ele está escoltado pelos organizadores da turnê, Charles Bobbit e Ali Bongo, e o último dos dois irmãos, Anicet Bongo.
As filhas do Presidente, Pascaline Bongo, ministro estrangeiro do Gabão e Alberting Bong, foram designadas pelo pai para acompanhar o artista americano durante sua visita ao país.
Jackson aceitou seguir com a viagem não-artística priorizando seu "desejo de visitar orfandade, hospitais de crianças, igrejas, escolas e playgrounds".