No Brasil, Michael Jackson brincou em labirintoFrango empanado, latas de Pepsi Cola e videogames passaram pelo apartamento do popstar Michael Jackson na última turnê no Brasil, em 1993. Num parque de diversões, ele tateou no labirinto e brincou com crianças. O produtor Odair Badoya, da DC Set - empresa responsável pelos shows brasileiros -, revela detalhes gastronômicos e desejos infantis de uma das maiores estrelas do século 20 (e, descendo a ladeira, do século 21).
Badoya foi um dos poucos a ter acesso ao apartamento do astro morto ontem, em Los Angeles, aos 50 anos. Perto de embarcar para a Itália, o produtor conversou com Terra Magazine; ainda está afiada a memória de passeios com Jackson em São Paulo, a cidade que lhe evocava Nova Iorque. No cardápio menos exigente, "frango empanado" da rede Kentucky Fried Chicken.
- Ele tomava muita Pepsi Cola, bastante, tomava demais. Aí ele queria se divertir. Vieram umas quatro famílias com crianças lá de Londres, nós fomos pro Playcenter, alugamos o Playcenter na segunda-feira, ficou fechado. A gente pegou várias crianças de umas comunidades.
Terra Magazine - Qual lembrança o senhor guarda da turnê de Michael Jackson? Da personalidade, dos bastidores...Odair Badoya - A produtora era a DC Set. Ficou hospedado no Sheraton Mofarrej, perto da Avenida Paulista, e teve uma arquiteta (Glória) que ganhou o concurso pra fazer o camarim dele. Ela fez tudo com fliperamas, com coisas de parques infantis. Visitamos a fábrica Estrela, lá em Guarulhos, quando teve aquele problema de uma pessoa atropelada. Fomos visitar a pessoa no hospital da Vila Mariana, teve um probleminha. Ele mesmo que avançou pra van.
Quais eram os pedidos de Michael Jackson? Teve a história da tenda de um índio?Nós fomos à (Alameda) Joaquim Eugênio de Lima alugar uns filmes. Ele alugou uns vídeos na Black White. Depois esteve naquele Kentucky Fried Chicken, na Paulista, onde tinha frango empanado...
Ele gostava de frango empanado?É, era uma especialidade do Kentucky Fried Chicken. Até não pegou muito no Brasil, mas ele gostava. Ele tomava muita Pepsi Cola, bastante, tomava demais. Aí ele queria se divertir. Vieram umas quatro famílias com crianças lá de Londres, nós fomos pro Playcenter, alugamos o Playcenter na segunda-feira, ficou fechado. A gente pegou várias crianças de umas comunidades. Ficou só ele, e o pessoal se divertindo, na montanha russa, naquele labirinto... Entrei naquele labirinto e quando saí pra um lado, topei com ele! (risos)
Tomava remédios?Nunca vi ele tomar remédio, isso eu não vi. Era refeição leve. A gente não tinha muita intimidade com ele, não. Mas fui uma das poucas pessoas que teve acesso à suíte deles no Brasil.
Como era o diálogo? Era mais introspectivo?Ele era um pouco introspectivo, ouvindo som bem alto. Quando ele chegou ao camarim no Morumbi, o número 1, que é o maior, ele "pirou". Muito bem decorado, com fliperama, coisas infantis, na verdade. Playground, jogos, foi bem assim.
Qual a imagem profissional deixada por ele?Uma pessoa muito detalhista, superprofissional. Foi ao Morumbi umas três vezes. Ele foi e depois voltou, pois quis fazer o trajeto e recebeu umas três comunidades. Profissionalmente exigindo muito dos músicos, dos bailarinos, fez um ensaio muito demorado lá no Morumbi. Ele gostou muito do show e nós estávamos em negociação pra ver se nessa série de 50 shows que ele ia fazer agora, a gente colocava o Brasil na "tour". Inclusive, nosso presidente, o Dody Sirena, está em Nova Iorque. Ele me ligou há pouco, o mundo inteiro está triste.
E o Michael Jackson...Eu tive um encontro particular com ele, porque quando veio a Jackson Five, na época da extinta TV Tupi, eu também trabalhei junto. Bem legal, mostrei umas fotos que eu tinha, eles andavam no meu carro... O show foi no Anhembi. O empresário era Marcos Lázaro, o único que tinha na época.
O que ele disse das fotos?Ficou bem emocionado, porque estavam todos os irmãos. E o pai veio junto, porque eram todos menores. Eu dei umas fotos pra ele, foi até até superengraçado: era uma foto na padaria ali na Tupi, na (Avenida) Afonso Bovero. O que a gente tem é muita lembrança.
Foi um convívio cansativo?Convívio bem tranquilo. Ele queria dar uma volta, a gente saía em duas vans. Passeamos muito pelo Ibirapuera, ele se divertiu muito nessa noite no Playcenter. Só foi ele e mais duas comunidades do Ipiranga e do parque Bristol, comunidades bem carentes. Gostou do Brasil. Ficou hospedado ali perto da avenida Paulista. E isso fez com que ele se lembrasse de Los Angeles, de Nova Iorque.
Terra Magazine