Em uma nova entrevista para livejournal.com, o famoso produtor Jim Jam fala sobre o trabalho com o lendário Rei do Pop, o perfeccionismo e bondade dele.

Falando de Michael Jackson, o que você pode compartilhar sobre trabalhar com ele em HIStory (1995)?

Michael foi incrível. Eu não consigo pensar em um momento de estúdio que nos surpreendeu mais do que a primeira vez em que ele ficou na frente de um microfone em "Scream". Foi muito engraçado. Primeiro de tudo, quando colocamos essa faixa juntas, eu tinha Janet vindo de Minneapolis. Eu apenas disse: "Eu preciso de você esteja aqui para inspiração." Então terry e eu colocamos quatro ou cinco faixas diferentes, e por uma das faixas, Janet disse: "Eu espero que ele não gosto desta porque eu quero ela para mima mim." E outra das faixas, ela disse," Isto é o que ele vai gostar, eu conheço meu irmão."

Então fomos para o Hit Factory, em Nova York. Tocamos todas estas faixas e quando a faixa que acabou sendo "Scream" chegou, ele disse: "Sim, eu gosto disso." Janet disse: "Eu lhe disse que é o que ele ia gostar! Estou tão feliz que eu não gostou da outra faixa. " Bem, a outra faixa acabou sendo" Runaway", seu single de Design of a Decade. Na verdade, eu pensei que a faixa seria um belo dueto entre eles, mas Michael queria ser realmente agressivo e realmente difícil. Ele tinha coisas em sua mente sobre como ele sentia que ele estava sendo tratado pela imprensa. E a trilha de "Scream" foi sonoramente perfeita para o que ele queria fazer musicalmente.
Quando entrei no estúdio, a noção era que ele estava indo cantá-la primeiro e, depois, Janet iria cantar. Assim, Janet está sentado lá, eu e Terry estamos sentados lá e Michael entra. Antes que ele cantasse, ele estava realmente calmo e quieto, "Pode ligar meus fones de ouvido um pouco?" Então, de repente, a música começou e ele passou a dançar em volta da sala, fazendo todos os movimentos historicamente característicos. E ele estava meio que usando uma pulseira ou algo ssim, enquanto batia. Você realmente não deve fazer isso quando está no microfone. Mas isso não importa mesmo. Quando acabou, eu juro por Deus, era só silêncio na sala. Eu disse: "Como foi isso?" Nós estávamos como, "Sim, isso soou muito bom." E eu virei e olhei para Janet e ela me disse: "Eu só vou fazer meu vocal em Minneapolis." Isso era como "Eu não vou fazer meu vocal agora." Obviamente ele tinha rrazado, certo? [Risos]

Então fomos para Minneapolis com Janet, onde ela faz um ótimo trabalho em seu vocal. Nós enviamos para Michael, ele disse, "Wow, Janet soa muito bem. Onde ela foi gravar esse vocal?" Eu disse que foi em Minneapolis. "Estou indo para Minneapolis." Assim, Michael foi para Minneapolis para regravar a voz dele e foi um vislumbre real da natureza competitiva dele. Nem sequer importa que era sua irmã. Foi como: "Não. Eu tenho que refazer tudo. Ela fez a dela, eu tenho que refazer a minha." Era uma loucura, ele era competitivo até mesmo com a própria irmã. Mas era o caminho para a perfeição. E o vocal original que ele fez em Nova York acabou sendo, provavelmente, 90 por cento, do vocal na canção final.

Michael e Janet Jackson, durante os ensaios de dança para o vídeo musical de Scream de vídeo, de 1995

Foi muito único que você tivesse a oportunidade de trabalhar com ambos Prince e Michael Jackson.
Foi ótimo também, trabalhar com o Prince e trabalhar com Michael, eles eram pólos opostos na forma como trabalhavam. Prince entraria no estúdio no início do dia e ele sairia com "1999", feito. Michael, a gente passaria um dia apenas no volume das palmas. Quero dizer, literalmente. E nós aumentáríamose ele diria-lhes, "Ok, eu vou voltar amanhã e nós vamos ouvi-la novamente" Voltávamos no dia seguinte, e ele diria "Podemos aumentar só um pouco mais? " Sim, nós aumentamos. "Ok, faz uma gravação para mim" Okay. "Vou voltar amanhã e nós vamos ouvir de novo." Quero dizer, ele foi literalmente assim. Mas isso era [de] aprender com pessoas como Quincy Jones, pessoas que eram muito meticusas sobre o que faziam.


Como era Michael Jackson em um nível pessoal?

Michael se casou com Lisa Marie Presley, no momento em que estávamos trabalhando com ele. E me lembro de minha esposa perguntar a Lisa que a atraiu para Michael. Ela olhou para minha esposa e disse apenas: "Ele é o homem mais gentil que eu já conheci." E eu me lembro de ter pensado a mesma coisa depois de trabalhar com ele. Apenas um cara legal.

Isso me lembra, nós constumávamos nos meter em longas e grandes conversas. E Michael iria pegar o meu cérebro sobre as coisas, sempre curioso sobre tudo. Ele me disse: "Jimmy, como você quer ser lembrado?" Eu perguntei o que ele quis dizer. "Quando as pessoas falarem sobre você depois que você se for, como você quer ser lembrado?" E eu disse: "Quero ser lembrado como um cara legal." Michael diz: "Não, quero dizer, como produtor, quantas canções número um", você sabe, qualquer coisa, qualquer coisa. Eu apenas disse: "Michael, essas são as estatísticas. Eu não quero alguém para dizer "Oh sim, aqule Jimmy Jam, ele tinha um monte de hits número um." Eu só quero que eles digam, ‘Jimmy Jam, ele era um cara legal’.”

Avançando rapidamente cerca de um ano depous. Precisávamos obter uma amostra limpa e ele era o único que poderia limpá-la. Acabei por ter de chamá-lo diretamente. Eu disse: "Michael, como vai você?" Ele disse: "Eu estou bem. Eu sei que você queria me perguntar algo, mas antes disso, posso apenas dizer-lhe alguma coisa?" Eu disse que sim. Ele disse: "Lembre-sa que você disse sobre como você quer ser lembrado?" Eu disse que sim. "Bem, toda vez que alguém me pergunta sobre você, eu acabo dizendo, 'Jimmy Jam, ele é o cara mais legal'." E eu disse: "ótimo! Você entendeu agora, Michael?" E ele disse: “Eu entendo totalmente."

No final do dia, depois de todo o talento e todo o material inovador que ele fez, ele era simplesmente um cara legal. Ele foi uma das pessoas mais legais que eu conheci e trabalhei.