*Mari*
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Era Preferida : Invincible Data de inscrição : 04/03/2011 Mensagens : 3430 Sexo : Idade : 52 Localização : Rio Grande do Sul Agradecido : 77
| Assunto: Depoimento de Ryan White em 1988 Qui Jul 28, 2011 9:21 pm | |
| Obrigado, comissários: Meu nome é Ryan White. Tenho dezesseis anos. Sou hemofílico, e tenho AIDS. Quando tinha apenas três anos de idade, os médicos contaram para meus pais que eu era severamente hemofílico, o que significa que meu sangue não coagula. Para minha sorte, havia um produto que havia acabado de ser aprovado pela Food and Drug Administratio (FDA, órgão que regulamenta alimentos e remédios nos Estados Unidos. N. do T.). Chama-se Factor VIII e continha agentes encontrados no sangue.
Enquanto eu crescia, tive vários sangramentos ou hemorragias em minhas juntas, muito dolorosos. Duas vezes por semana eu recebia o Factor VIII por via intravenosa, que permitia a coagulação do meus sangue. Os sangramentos ocorriam por causa de uma veia ou artéria rompida. Como o sangue não tinha para onde ir, acumulava-se nas juntas. Os primeiros cinco ou seis anos da minha vida foram passados indo e voltando do hospital. De qualquer modo, eu vivia uma vida normal. Mais recentemente minha batalha tem sido contra a AIDS e a discriminação que a cerca. Em 17 de dezembro de 1984, os médicos contaram para minha mãe, após uma cirurgia, que eu tinha AIDS. Eu havia contraído a doença através do meu Factor VIII, que era feito a partir de sangue.
Quando saí da sala de cirurgia, eu estava em um respirador e tinha um tubo no meu pulmão esquerdo. Passei o Natal daquele ano e os trinta dias seguintes no hospital. Muito do meu tempo foi gasto pesquisando, pensando e planejando minha vida. Tive que enfrentar a morte com treze anos de idade. Fui diagnosticado com AIDS: uma doença assassina. Os médico me disseram que não era contagiosa. Dados os seis meses que me deram de vida, e sendo o lutador que sou, defini altos objetivos para mim mesmo. Foi minha decisão viver uma vida normal, ir para a escola, ficar com meus amigos e aproveitar as atividades do dia-a-dia. Mas não iria ser fácil. A escola que eu freqüentava disse que não possuíam parâmetros para alguém com AIDS. O conselho da escola, meus professores e meu diretor votaram por me manter fora das salas de aula mesmo após os parâmetros terem sido definidos pelo I.S.B.H., apenas pelo medo de que alguém pudesse pegar AIDS tendo contato comigo. Rumores de que espirros, beijos, lágrimas, suor e saliva pudessem espalhar o vírus da AIDS colocaram as pessoas em pânico. Começamos uma série de batalhas legais que duraram nove meses, tempo durante o qual eu tinha aulas por telefone. Eventualmente, acabei ganhando o direito de freqüentar as aulas, mas a discriminação ainda estava lá. Ouvir a explicaçao dos médicos não era suficiente. As pessoas queriam cem porcento de garantia. Nada tem essa garantia na vida, e algumas concessões foram feitas por mim e por minha mãe para aliviar o medo. Decidimos por: Salas de descanso separadas. Nada de aulas de educação física. Bebedouros separados. Bandejas e utensílios descartáveis. Apesar de a AIDS não ser contagiosa pelo simples contato. Assim mesmo, pais de vinte alunos acabaram fundando sua própria escola. Não estavam convencidos. Por causa da falta de informações sobre a doença, discriminação, medo, pânico e mentiras que me envolvia, tais como: Virei alvo das piadas tipo "Ryan White". Mentiras sobre eu morder as pessoas. Cuspir em vegetais e biscoitos. Urinar nas paredes do banheiro. Meu armário na escola foi vandalizado e minhas coisas foram marcadas com as palavras "bicha" e outras obscenidades. Fui taxado de criador de problemas, minha mãe como inconveniente, e não era bem vindo em lugar algum. As pessoas levantavam-se e saiam para não ter que ficar perto de mim. Mesmo na igreja, as pessoas não apertavam minha mão. Isto trouxe a mídia, equipes de TV, entrevistas e várias aparências públicas. Fiquei conhecido como o garoto da AIDS. Recebi milhares de cartas de apoio do mundo todo, apenas por causa do meu problema com a escola. O prefeito Kock, de Nova York, foi a primeira figura pública a apoiar. Artistas, atletas e estrelas começaram a me dar apoio. Conheci grandes pessoas, tais como Elton John, Greg Louganis, Max Headroom, Alyssa Milano (minha ídola), Lyndon King (Los Angeles Raiders) e Charlie Sheen. Todos estes e muito mais tornaram-se meus amigos, mas eu tinha poucos amigos na escola. Como podem estas pessoas famosas não ter medo de mim, enquanto toda minha cidade tinha? Muitas vezes era difícil lidar com isso; mas eu tentei ignorar a injustiça, pois sabia que as pessoas estavam erradas. Minha família e eu não alimentávamos rancor ou ódio por estas pessoas porque percebemos que eram vítimas da sua própria ignorância. Tínhamos fé que, com muita paciência, compreensão e educação, minha família conseguiria mudar as opiniões e atitudes das pessoas que nos cercavam.
Nossa vida financeira estava ficando complicada também, apesar de minha mãe possuir um bom emprego na G.M. Quanto mais doente eu ficava, mais trabalho ela tinha que faltar. Minha irmã, Andrea, era campeã de patinação e também tinha que se sacrificas. Não havia dinheiro para seus estudos e suas viagens. A AIDS pode destruir uma família se você deixar, mas felizmente para minha irmã e eu, minha mãe conseguiu segurar. Não desista, orgulhe-se de você mesmo e nunca sinta pena de você. Depois de dois anos de meio de saúde declinante, dois ataques de pneumonia, calafrios, uma tosse persistente e problemas de rins, eu combati as febres, o cansaço e os vômitos. Eu estava muito doente e tendo aulas em casa. O desejo de mudar-se para uma casa maior, para evitar conviver com a AIDS diariamente, e o sonho de ser aceito por uma comunidade e uma escola, tornaram-se possíveis graças à um filme sobre minha vida, "A História de Ryan White".
Minha vida está muito melhor agora. No fim do ano escolar (1986-87), minha família e eu nos mudamos para Cicero, Indiana. Rezamos muito para que a comunidade nos recebesse bem, e ele receberam. Pela primeira vez em três anos, nos sentíamos em casa, eu tinha uma escola e muitos amigos. As comunidades de Cicero, Atlanta, Arcadia e Noblesville, no estado de Indiana são o que nos agora chamamos de lar. Sinto ótimo. Sou um adolescente normal de novo. Tenho permissão de estudar. Pratico esportes e danço. Meus estudos são importantes para mim. Acabei de receber um prêmio por ter conseguido dois "As" e dois "Bs". Sou apenas mais um estudante, e tudo isso graças aos alunos da Hamilton Heights High School terem aprendido, educado seus pais e a si mesmos, e acreditado em mim. Acredito que vou me formar na Hamilton Heights High School em 1991. Hamilton Heights High School é a prova de que a educação para a AIDS em escolas funciona.
"Esta foto de Ryan com sua mãe foi tirada por Taro Yamasaki para a revista People alguns meses antes de Ryan morrer. Ele havia acabado de chegar em casa. Sua mãe perguntou se estava frio lá fora. Ao invés de responder, Ryan apenas encostou carinhosamente em seu rosto".
Créditos: Fórum Neverland/BrunaMJJ
*Nota que Ryan ainda não havia se tornado amigo de Michael, por isso não o citou no depoimento.
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