A família cresce na rua Jackson(...) A minha experiência com Marlon e Brandon não me impediu de engravidar novamente. No próximo ano, em 29 de agosto, eu dei a luz a outro menino.
Eu lembro bem do dia porque minha bolsa rompeu na presença de meu vizinho, Mildred White e nós estávamos indo ver a inauguração da nova escola de ensino elementar que estava em construção, a Garnett.
“Oh, Mildred! Eu não posso sentar em seu carro neste estado!”, eu exclamei.
“Garota, não se preocupe com isso”, Mildred respondeu, dando a volta com o carro.
A meu pedido Mildred me deixou em casa. Eu liguei para minha mãe e ela e meu padrasto me levaram ao Hospital Mercy.
Pouco tempo depois, comecei a ter as contrações. Tarde da noite, meu filho nasceu.
“Eu quero dar o nome dele” disse a minha mãe. Eu odiei a sua primeira sugestão: Ronald.
“Que tal, Roy, então?”
“Oh, meu Deus! Não, mamãe!”
Ela pensou um pouco: “Tive uma ideia: Michael”
“É isso”, eu disse.
Meus filhos sempre nasceram com a cabeça protuberante então não me surpreendi com Michael. Porém duas coisas me chamaram a atenção, assim que o coloquei em meus braços, reparei em seus grandes olhos castanhos e seus dedos longos das mãos, o que me remeteu ao meu sogro.
“Eu aposto que eu fui um acidente!”, Michael provocou.
Ele não foi. Mas depois que ele nasceu eu decidi dar um tempo no que se refere a gravidez, depois de oito filhos em oito anos, eu senti que eu merecia. Fui trabalhar como balconista por meio expediente na Sears (Loja de Departamentos).
Randy, nosso próximo filho, somente chegou após três anos, em 31 de outubro de 1961 e depois de cinco anos, eu dei a luz à Janet em 16 de Maio de 1966.
Uma razão para que Joe e eu tivéssemos Randy e Janet, era que as crianças mais velhas estavam crescendo e então teríamos o prazer de ter outros bebês para cuidar.
“Nós temos tantas crianças – por que amamos ter outra?” Eu perguntei para o meu filho mais velho. A maioria das crianças eu pensei, não apreciam a concorrência extra na atenção dos pais. “Nós apenas amamos bebês” ele me respondeu.
Eles realmente demonstraram esse fato quando Janet nasceu.
“Eu tenho uma irmãzinha! Eu tenho uma irmãzinha!”, Michael gritou quando ele saiu correndo de porta em porta pela rua Jackson.
Michael e Janet estariam predestinados a se tornar os melhores amigos, eles permanecem muito próximos até hoje. Rebbie, por exemplo, saiu tantas vezes com ela que seus colegas começaram a insistir que Janet era sua filha.
Sobre a personalidade dos filhosMarlon é provavelmente o mais determinado e competitivo de todos os meus filhos. Ele e Michael brincavam com os jogos típicos de crianças: damas, cartas e fichas. Às vezes Michael ganhava, mas, Marlon não se dava por vencido, ele continuava a jogar com Michael até ganhar dele.
Isso nos leva a Michael, uma criança incrível.
Ocorreu-me que Michael era um garoto extraordinário num dia em 1960. Eu estava em frente a minha máquina de lavar, checando a quantidade de roupas quando ao me virar me deparo com meu filho de um ano e meio praticamente debaixo da barra do meu vestido, segurando sua mamadeira e movendo o corpo no ritmo do barulho da minha máquina de lavar.
Além de sua precocidade, como um dançarino, Michael foi impetuoso e travesso durante seu crescimento.
Rebbie: Michael não tinha dois anos ainda quando um dia meu pai estava andando pela sala e então, ele mirou sua mamadeira e acertou-lhe na cabeça. Acho que meu pai não se machucou mais do que se surpreendeu com o fato de seu recém-nascido ter conseguido lhe acertar.
Depois, quando tinha três anos, a ousadia de Michael tinha tomado um rumo desafiante. Depois de Joe tê-lo espancado um dia por mau comportamento, Michael lançou um sapato contra ele. Joe percebeu o objeto e abaixou-se, caso contrário, Michael teria novamente lhe acertado.
Rebbie: Quando minha mãe o pedia para fazer algo que ele não queria fazer, murmurava algo.
“O que você disse?” Minha mãe perguntava, levantando uma sobrancelha, mas Michael não repetia. “Venha cá, garoto!” minha mãe ordenava.
Michael corria para o quarto, com a mãe atrás dele. Ele desliza para debaixo da cama e agarrava as molas. Minha mãe tentava tirá-lo, mas ela não conseguia. Nem os meus irmãos. Ela tinha que esperar ele sair.
Uma hora e meia depois, Michael finalmente saiu debaixo da cama, sacudiu o pó de si e retornou a sala de estar. Às vezes minha mãe esquecia a sua ousadia; outras vezes ela teria que contar com os meus irmãos para que ela pudesse, finalmente, castigá-lo.
Jackie: Michael era muito bom em escapar do meu pai. Num segundo meu pai o tinha em seus braços, pronto para espancá-lo; e no próximo segundo, Michael já estaria a cinco metros de distância e meu pai iria bater no ar. Michael era quase impossível de pegar. Ele era como uma minhoca, contorcendo-se todo o tempo. Ele era demais.
Às vezes, Joe ficava muito zangado com Michael por ele conseguir fugir de nós. Mas outras vezes não podíamos deixar de rir. "o que há com esse menino?" nós dizíamos.
Eu fui observando outras características de sua personalidade enquanto Michael estava crescendo. Havia a questão, por exemplo, de sua generosidade.
Ocasionalmente, isso foi longe demais.